thumb do blog Renato Cardoso
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Você sabe qual a diferença entre julgar e julgar?

Imagem de capa - Você sabe qual a diferença entre julgar e julgar?

Um dos mantras das pessoas que se sentem atacadas é:

“Quem é você para julgar?”

Adoram usar esta defesa como um coringa, uma maneira conveniente de mudar o foco de si mesmas para a outra pessoa. E ainda invocam Jesus para defendê-las: “Não julgueis e não sereis julgados.” Mas muitas delas não estão nem conscientes do que estão fazendo. São apenas vítimas da própria ignorância. Vamos então entender a diferença entre julgar e julgar. Sim, existem dois tipos.

Jesus disse, de fato, em Lucas 6.37: “Não julgueis e não sereis julgados.”
E também disse em João 7.24: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.”
E o apóstolo Paulo arrematou em 1 Tessalonicenses 5.21-22: “Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda aparência do mal.”

Espere aí! A Bíblia está se contradizendo? Uma hora Jesus diz que não devemos julgar. Outra hora diz que podemos julgar pela reta justiça, mas não pela aparência. E Paulo diz que temos que julgar todas as coisas? É aí que começa a confusão na cabeça de muita gente.

QUANDO DISSE “NÃO JULGUEIS”, Jesus estava se referindo basicamente ao “espírito crítico”, uma atitude obsessiva que leva muitas pessoas a criticar e buscar falhas em outras, sempre com o objetivo de colocá-las para baixo. Às vezes disfarçada de “crítica construtiva”, a intenção nunca é construir, mas derrubar. Logo, esse julgar é errado pois não traz nenhum benefício para ninguém — nem para a sociedade, nem para o julgado, nem para o dito juiz. É apenas fruto de uma maldade que há dentro do coração de quem julga.

A única crítica que é sempre construtiva é aquela que se expressa em amor para “construir”, e não para derrubar; que é sempre expressa face-a-face, nunca pelas costas.

Jesus ainda esclareceu que, se realmente estivermos na posição de julgar alguém, devemos fazê-lo sim, mas não segundo a aparência e sim “pela reta justiça”. Sejamos honestos: o ser humano é mestre em julgar pela aparência. Concluímos o caráter de uma pessoa pela cor da sua pele, suas intenções pelo que outros dizem dela, e sua capacidade pelo seu grau escolar. É exatamente esse tipo de julgar que Jesus reprovou. A reta justiça não é a sua opinião nem a minha, mas a Lei de Deus. Portanto, conheça bem a reta justiça, para estar capacitado a julgar bem.

Por último, temos a afirmação de Paulo que devemos julgar “todas as coisas”. Note que ele falou de “coisas”, enquanto que Jesus falou de pessoas. Portanto, não há contradição.

Com respeito a “coisas”, temos o dever de julgar tudo. Esse julgar aqui significa pesar, avaliar, examinar, discernir e chegar a uma conclusão do que aquilo realmente é. E então decidir o que fazer com aquilo.

Esta comida é boa para mim ou piora meu colesterol?
Esta amizade me faz bem ou mal?
Este filme vale a pena eu assistir ou não?

Falando em filme, aproveitando o assunto controverso do post anterior, entenda uma coisa: eu não preciso ler, assistir, comer, ou passar pela experiência de alguma coisa para poder julgá-la. Veja só um exemplo de raciocínio falho, deixado por uma pessoa em meu Facebook a respeito, que eu colo aqui na íntegra:

Gosto muito do seu programa e assisto sempre que posso. Só acho que vc foi infeliz ao criticar um livro como 50 tons de cinza que vendeu milhoes de copias em todo mundo. O filme antes de estrear já vendeu milhares de ingressos. Voce como formador de opiniao nao deveria difamar algo que voce desconhece ou nao leu…. Seu livro tem um conteudo meio machista… EU POSSO FALAR PQ EU LI… Falo com propriedade…. PENSE NISSO!!!

E a minha resposta para ela:
(Nome), drogas também vendem muito no mundo todo — cigarro, pornografia etc. Nem por isso são coisas boas. E eu não preciso fumar, cheirar, ou assistir pornô para saber que não prestam… Pense nisso.
É claro que se ela tivesse me julgado pela “reta justiça”, ela teria se dado o trabalho de ouvir os podcasts referido no texto onde eu declaro que não li o livro, fiz questão de não ler, e que este era exatamente meu argumento: a escolha de não ingerir tal conteúdo. Aí alguns vão dizer, “Ah, mas como você pode julgar se o livro é bom ou não, sem ter lido?” Deixe-me dar um exemplo.

Eu afirmo para você que câncer pancreático é uma doença que mata 99% dos seus pacientes dentro de cinco anos. Eu nunca tive câncer pancreático, espero que você também não. Eu lhe pergunto: você gostaria de ter para saber como é? Ou vai me acusar de não saber nada sobre câncer pancreático porque nunca tive? Ou me condenar por querer alertar as pessoas sobre esta doença terrível, porque elas têm “livre arbítrio” e o direito de ter o tal câncer, se quiserem?

Eu não preciso experimentar algo ou conhecê-lo de primeira mão para formar uma opinião inteligente a respeito. Ninguém precisa. Para isso Deus nos deu inteligência. E também Sua reta justiça para nos ajudar a julgar todas as coisas.

Sim, nós temos a obrigação de julgar tudo e decidir o que é bom para nós e o que não. É claro, ninguém é obrigado a julgar retamente. Realmente somos livres. Cada um na sua. Mas não se esqueça de uma coisa:
Somos livres para escolher, mas seremos escravos de nossas escolhas.
Você pode julgar suas escolhas, não as consequências delas. Portanto, seja bom juiz.

 

 

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