10 anos de Lei Maria da Penha, contra a violência Doméstica.
Treze mulheres são assassinadas por dia no Brasil, situação lamentável quando a promessa de cuidar e proteção se termina. O companheirismo despedaçado por migalhas de orgulho, onde a força acaba destruindo um relacionamento.
Mulheres chegam ao Projeto Raabe desacreditadas, sem vida no dia a dia, aspecto emocional abalado, sem autonomia ou recursos pessoais e econômicos, às vezes ameaçadas, sem acreditar nas suas potencialidades, muitas ainda na esperança do arrependimento do parceiro, envergonhadas diante dos familiares, sofrendo caladas e sozinhas, autoestima sem existência, desprovidas de autodeterminação, sem conhecimento dos seus direitos, com muitas dúvidas e incertezas, humilhadas e como medo para reagir.
São aspectos que a sociedade já conhece, mas difíceis de lidar, porque quem vai entrar na intimidade de um casal, quem vai aconselhar ou ditar o que está errado?
Rotineiramente atendemos mulheres que chegam ao projeto Raabe com essas e muitas características de sofrimento: passaram ou estão passando por violência doméstica e traumas.
Quando encorajadas e determinadas poucas são as que buscam ajuda da lei Maria da Penha. Com medo, assustadas e machucadas, são aspectos que as dificultam de tomar uma decisão. Na prática acabam desistindo, pois precisam estar se sentindo seguras e com as devidas orientações, afim de tomarem uma atitude, sendo a lei mais protetiva, nem sempre há flagrante, para se livrem do problema.
Serviços estão à disposição, Hospital da Mulher, Unidades de Saúde, Defensoria, OAB, delegacias comuns e da Mulher, além de centros de apoio, mas desacreditadas e sem conhecerem os recursos, algumas vezes, na raiva, até buscam a delegacia. Entre tanto, passadas horas do ocorrido, ainda voltam atrás e ficam apenas com mais um boletim de ocorrência.
O projeto Raabe tem uma estrutura de acolhimento, orientação assistencial e jurídica, psicológica e espiritual, cuidados específicos após atendimento, para cada mulher emocionalmente desacreditada. Sozinhas elas não conseguem sair, pois, elas chegam com uma dor que não é palpável, dor na alma .
Embora aportado todo conhecimento da lei e recursos, a marca interior é visível, a sede de vingar-se é contundente, ao ponto que esquecem de se reconhecer, vivendo apenas a dor, sem força para lutar.
O Raabe traz a mulher o seu devido equilíbrio, reconhecer seu valor, com fé proporciona a chance e a oportunidade de tornar-se viva para viver.
O acolhimento, a escuta, suporte e o esclarecimento são os pontos de relevância do projeto no primeiro momento, junto com a força da lei é uma maneira de lutar contra esse mal que aturde e separa as famílias.
A verdade a conduz, para que sozinha tome a decisão que for necessária. A força interior arranca as mentiras ouvidas e proporciona liberdade. Assim a mulher traumatizada ou machucada pela violência sabe que existe um Deus Justo que pode lhe proteger e com isso, fazer valer a Lei dos homens.
Toda ajuda é necessária, porém o mais importante é a mulher não alimentar o mal e achar que esta sozinha. Tomar coragem e buscar se atualizar quanto a lei, decidir denunciar, aproveitando a oportunidade quando ao projeto Raabe, que oferece serviços gratuitos diariamente.
Carlinda Tinôco
Coordenadora Nacional do Projeto Raabe